Do ATUAL
MANAUS – Em janeiro deste ano, 84% do desmatamento na Amazônia Legal foram em áreas privadas ou “sob diversos estágios de posse”, diz o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). O restante do desflorestamento foi registrado em assentamentos (13%), unidades de conservação (2%) e terras Indígenas (1%).
De acordo com dados do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), do Imazon, Mato Grosso liderou a devastação em janeiro deste ano concentrando 45% do total detectado. Depois está Roraima (23%), Pará (20%), Rondônia (5%), Amazonas (3%), Acre (2%) e Maranhão (2%).
“Um exemplo é que apesar do Amazonas ter sido o quinto estado que mais desmatou em janeiro de 2025, a maioria das unidades de conservação que mais desmataram estão localizadas neste estado”, diz Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Em comparação com janeiro de 2024, o desmatamento aumentou 68% e atingiu 133 quilômetros quadrados de destruição na floresta, o que equivale a 400 campos de futebol por dia.
“Esses números evidenciam uma crescente pressão sobre a Amazônia e servem como um sinal de alerta para a necessidade de fortalecer as ações de monitoramento na região. Para reverter esse cenário, é fundamental intensificar a fiscalização, ampliar as operações de combate aos crimes ambientais e fortalecer políticas que incentivem a proteção e o uso sustentável da floresta”, acrescenta a pesquisadora.
O SAD também identificou oito Unidades de Conservação amazônicas com degradação. Três delas estão situadas no estado do Pará, uma no Maranhão, duas em Rondônia, uma no Amapá e uma está distribuída entre o Amazonas, Mato Grosso e Roraima. São elas: Rebio do Gurupi (50 km²), FES do Paru (17 km²), APA Arquipélago do Marajó (2 km²), Parna Serra da Cutia (2 km²), Parna dos Campos Amazônicos (1 km²), Resex do Rio Cajari (1 km²), APA do Tapajós (0.3 km²) e Resex do Rio Pacaás Novos (0.2 km²).
Das dez terras indígenas mais afetadas pelo desmatamento sete estão de forma total ou parcialmente dentro de Roraima.
A degradação, segundo o Imazon, é caracterizada pela derrubada parcial da vegetação, que ocorre devido às queimadas e extração madeireira, e atingiu 355 quilômetros quadrados no primeiro mês do ano e afetou um território maior que o município Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, que tem 331 quilômetros quadrados.
“Apesar da alta, é esperado que os números de desmatamento e degradação reduzam nos próximos meses, pois estamos nos meses onde historicamente esses distúrbios não são tão intensos por conta das chuvas. Por isso, é importante que o governo e órgãos responsáveis usem esse tempo para focar ainda mais em ações preventivas e planejamento para conter os impactos antes que chegue o período mais crítico”, diz Carlos Souza, pesquisador do Imazon.